domingo, 13 de março de 2011

um olho ali, outro lá

Dizem que há duas direções para tudo. Eu desconfio que existem outras, mas é mais simples mesmo reduzir nossos problemas a duas metades. Bom e ruim, bondade e maldade, radicalismo e tradição.

Viverá em paz quem aprisiona uma das metades enquanto permite que a outra tome conta da festa?

Nunca fui de maniqueísmos. Me apavora visões limitadas, rótulos, o duro e o seco. Costumo dizer que não tenho profissão, não tenho sexo, não tenho moral, não tenho paladar. Tudo é adaptável, vou tirando o que me dá prazer e descartando o lixo. Claro que o que pra mim é lixo pra você... Fiz de novo. Vivo à base de relatividade.
Não existe raiva, beleza... sequer existe uma cor. A cor que eu enxergo como rosa, para você, pode ser vermelho. Os limites são outros...

Mas desviei de onde quero chegar.
O que angustia é querer liberdade e, ao mesmo tempo, desejar profundamente raízes. É querer beber e, ao mesmo tempo, desejar nunca mais sentir uma só gota. E querer estar junto enquanto se é solitária. É pegar o melhor de cada estado. É querer demais.
Quero ser branca e negra. Uma burguesa hippie. Um pé no salto e outro descalço.
Quero o mundo debaixo dos meus braços.

Há um tempo, minha terapeuta me fez acreditar que eu não preciso ser uma só. Que eu posso ser duas, três, dez.
Mal sabia ela que sou feita de exageros.

Um comentário:

Rafael Martinaitis disse...

Ixe, quase que eu escrevi um livro aqui - sorte sua que consegui me segurar :P

Adorei as duas ultimas sentenças :)