sábado, 23 de outubro de 2010

Fundo dos olhos

Era uma sala ampla. Branca. A luz da tarde invadia aquele chão de madeira, um tapete colorido e três crianças. Minhas crianças. Não vi feições, apenas as vi sentadas sobre o tapete, a luz da tarde no chão de madeira.
Eu, dedos no piano. Um piano no canto daquela sala. Uma sala ampla, branca. Lá fora um jardim, árvores, flores, quem sabe até um cachorro.
O som era só o do vento, das teclas do piano, das crianças no chão.
Apertei bem os olhos, sorri e logo o cheiro do café invadia o contorno da cena.
Lá da cozinha, ouvi palavras que não precisavam de interpretações. Ele poderia murmurar qualquer som e eu saberia ouvir. Eu ouviria amor em qualquer murmúrio.
Com aquele desenho, eu ouviria amor em qualquer canto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tá bem bonito por aqui, hein?

Cecília Floresta disse...

Tem gosto de Virgínia Woolf, que tem gosto de você: li Orlando, semanas atrás, e cada linha (cada traço) lembrava esses olhos claros e sua atitude inquieta.