domingo, 16 de dezembro de 2007

Platonicamente viável

O encanto pega de surpresa.
Vira, revira, remexe os bolsos vazios.
O encanto acelera um pouco o que sobrou de sentimento, coloca um sorriso nos lábios, diminui a unha já bastante curta.
Encantar-se é sentir-se um tanto mais quente, um tanto mais inquieta, um bocado mais ansiosa.
Ele vem fácil: de olhares cúmplices, de dedos agitados, de certezas apaixonadamente decididas.
Vem de letras trocadas, de anseios divididos, de planos, desejos, vontades, idéias.
Ele vem devagar, assim, com jeitinho, e instala uma sensação inusitada. Um quê de ineditismo, aquela excitação quase infantil.
O encanto chega acompanhado do desejo velado, secreto, cúmplice de promessas feitas e repetidas a cada arrependimento. Aquele desejo proibido, que instiga a imaginação e cria imagens pouco ortodoxas. Repleta de detalhes, mas, ainda sim, imagens.
Imagens de um encanto construído por quem, despretensiosamente, preenche a lacuna de algo que parecia já podre.

2 comentários:

Leonardo Werneck disse...

Encantado fiquei com esse texto.

abraços.

Cadeira. disse...

Depois de tantos planos sem pressa, nos vemos obrigados a terminar e ficar por isso mesmo, tentando esquecer de ter com ela em sonhos.
Depois de tanta saudade de graça, a gente se vê querendo sofrer à toa por amor [ou algo de tom parecido].
Depois de tantos versos confusos, um pouco de paz.

[macarrão instantâneo]